terça-feira, 25 de dezembro de 2007

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Apesentação do Blog


Sou licenciado em letras pela UFF (Universidade Federal Fluminense) , RJ, exerço o magistério porque me sinto útil contribuindo para a formação de outros cidadãos, como também para satisfação própria. Em 1993, já residindo em Natal, incentivado por meus filhos e por minha esposa, resolvi participar de um concurso público para professor, como experiência, e o resultado de tudo foi que um ano depois fui nomeado. Antes, logo após minha formatura, tive dois anos de experiência como professor de ensino médio no Colégio Vitória Régia, no Gramacho, em Duque de Caxias, RJ. Sete anos antes de minha formatura, eu já tivera um bom período de experiência como instrutor de fundição metálica na Escola de Artífices da Marinha. Como professor, no Ensino Público, tenho algumas reflexões a fazer pois não estou, e creio que nenhum professor comprometido com sua missão está, de acordo com o quadro de aprendizagem que se observa na prática do dia-a-dia na sala de aula. Penso que é preciso que haja uma verdadeira revolução de mudança de atitudes não só do professor como também das equipes pedagógicas e diretores de Escolas no sentido de buscar novas formas de incentivação ou motivação para mudar o quadro educacional atual.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O ensino-Aprendizagem Atual

O estágio em que se encontra do ensino-aprendizagem que se realiza atualmente, nas salas de aulas das escolas públicas, é preocupante. No dia-a-dia da sala de aula, como professor de português (gramática, literatura e produção de texto), numa escola pública da Natal, tenho vivenciado com meus alunos um quadro de resultados bastante negativos após as avaliações bimestrais, como também nas práticas de atividades dos alunos. Através de outros colegas professores, verifico que o problema é generalizado. Falta estímulo ao professor e, aos alunos, mais participação, envolvimento e vontade. Podemos estimar que, numa turma de trinta alunos, somente cerca de vinte por cento estariam fora dessa generalização. Buscando subsídios para entender melhor o problema, recorro a Ana Cecília Togni e Marie Jane Soares Carvalho, em seu artigo "A escola noturna de ensino médio no Brasil", publicado na Revista Ibero-Americana de Educação, número 44: maio-agosto de 2007 (Educação de adultos), que abordam, com bastante profundidade, o assunto. Segundo as autoras, em sua introdução, "O ensino noturno é quase sempre considerado nos meios educacionais como um problema, uma fonte de insatisfação que necessita ser sanada. Parece que (Carvalho, 1998) é realmente um problema sem saída, pois com muita freqüência é oferecido àqueles que dispõem de menos recursos". Tratando especificamente do ensino médio noturno, comenta que o mesmo, ao longo do tempo, tem sido conduzido como uma cópia do que se faz no período diurno, não tendo, portanto, identidade própria. Além de estar subordinado a uma lei generalizada, esse tipo de ensino apresenta outras inconveniências e algumas características próprias, que precisam ser levadas em conta para que se possa contemporizar as conseqüências: os professores, premidos pela necessidade de sobrevivência, percebendo salários incompatíveis com a função, geralmente chegam à sala de aula depois de cumprirem um ou dois turnos em outra(s) escola(s), o que compromete a qualidade da aula; os alunos desse turno, também em números consideráveis, chegam à escola após jornadas de trabalho de oito ou mais horas, geralmente trabalho pesado ou cansativo, o que provoca o desinteresse pela aula e algumas vezes até o sono. A Constituição em vigor afirma, em seu artigo 208 no capítulo III: O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de: Inciso VI - oferta de ensino noturno regular adequada às condições do educando. Em relação ao que diz este inciso, Kuenzer (1988) e Rodrigues (1995) comentam que a generalização dos cursos noturnos representou ao mesmo tempo a democratização do acesso à escola, e o fortalecimento de mais uma divisão da própria escola. A democratização é atestada pelo aumento do número de matrículas ou pela expansão da rede pública, e também pela possibilidade de, ao menos a partir da década de 90, ter havido uma alteração qualitativa no perfil sócio-econômico da clientela dos cursos de ensino médio. O ensino médio noturno, passou a ser assim denominado a partir da referida lei, que nos artigos 35 e 36 estabelecem: Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades: I A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento dos estudos. II A preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores. III O aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico. IV A compreensão dos fundamentos científicos tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na seção I deste capítulo e as seguintes dietrizes: I Destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado de ciência, das leituras e das artes; o processo histórico de transformção da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania. II Adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes. III Será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda de caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição. 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizadas de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre:
I.Domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna.
II. Conhecimento das formas contemporãneas da linguagem.
III. Domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania.
2º O ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas.
3º Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento dos estudos.
4º A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional, poderão ser desenvolvidas nos próprios estabalacimentos de ensino médio ou em cooperação com instituiçõesespecializadas em educação profissional.
De acordo com as autoras, segundo Mello (1999), a Lei abre explicitamente as portas para um currículo voltado para competências e não para conteúdos. Esse currículo tem como referência não mais a disciplina escolar clássica, mas sim as capacidades que cada uma das disciplinas pode criar nos alunos. Os conteúos disciplinares se concebem como como meios e não como fins em si mesmos.
Como não existe distinção entre o ensino médio diurno e o ensino médio noturno, e ambos os segmentos são regidos pela por essas mesmas dietrizes, deve-se levar em consideração que a educação escolar deverá voltar-se para o mundo do trabalho e a prática social. O que aumenta a possibilidade de empregabilidade no mundo de hoje é a ênfase nas habilidades básicas gerais, tem grande importância a capacidade de análise, a capacidade de resolver problemas, a capacidade de tomar decisões e, sobretudo, ter flexibilidade para continuar apendendo (Mello, 1999, p. 166).
Podemos deduzir, em função dos fatos observados no dia-a-dia da escola noturna, que há necessidade de uma legislação específica para este turno, diferenciada dos turnos vespertino e matutino, pelo simples fato, já comentado, que o aluno-trabalhador noturno tem necessidades e expectativas diferentes.
Há, portanto, muito o que fazer quanto às práticas pedagógicas nas escolas que mantêm cursos noturnos de ensino médio, para que os egressos dessa escola tenham melhores condições para encarar o mercado de trabalho.
Considerando os três elementos principais desse contexto: aluno, professor e escola, temos o seguinte:
A característica mais marcante do aluno do noturno de 1º e 2º graus é, provavelmente, a de aluno-trabalhador, geralmente bastante explorado, percebendo salário baixo, praticando uma dupla jornada de trabalho em fábrica, loja ou escritório, chegando à escola sem condições física e psicológicas de assimilação dos conteúdos ministrados. Aqui seria importante perguntar: o que um jovem estudante trabalhador busca na escola à noite? Ele busca atendimento as suas necessidades naturais através de boa formação e infrmação que o auxiliem no dia-a-dia, na luta pela sobrevivência. Se a escola não lhe satisfaz nesses aspectos tende a abandoná-la.